Grupo Internacional de Estudos da Imprensa Periódica Colonial do Império Português
Exposição Virtual Comum
A Exposição Virtual Comum visa evidenciar o interesse de Bibliotecas, Arquivos e Investigadores pensarem cooperativamente investigação, preservação e acessibilidade das colecções de imprensa periódica colonial, em termos nacionais e internacionais. Reflexão e posicionamento que a Organização do Congresso “Política e Cultura na Imprensa Periódica Colonial” considerou suficientemente importante para ter reservado um dia do Congresso a um "Encontro Bibliotecas, Arquivos e Investigadores: um debate internacional" a partir da ideia chave "arquivo virtual comum".
No que respeita a salvaguarda e acesso actuais, a realidade remete-nos para um panorama de títulos difíceis de detectar, colecções em avançado estado de deterioração devido à fragilidade do papel e aos condicionalismos de afectam a sua conservação. Acresce estarem frequentemente dispersas por países, instituições e particulares cujo mapeamento importa realizar. A extrema fragilidade, dispersão, deficiente conhecimento das colecções por parte das instituições e mesmo a invisibilidade desse arquivo nos seus catálogos, dotam de particular sentido agir cooperativamente, quando os recursos são notoriamente limitados. A ideia é optimizar esses recursos e encontrar soluções para conhecer, preservar, unir e devolver virtualmente patrimónios e histórias reconhecidos como próprios e comuns.
Cabe reconhecer que na imprensa periódica (jornais, revistas, boletins, etc) se encontra reflectida e intelectualmente construída parte significativa da história contemporânea dos países que até aos processos de independência integraram o "mundo colonial" (metrópole, colónias) criado pelo império português. Tal é aplicável aos espaços em que pôde florescer e, por omissão que exige reflexão, àqueles onde não pôde desenvolver-se. Podemos mesmo afirmar que foi um instrumento poderoso de criação desse "mundo" na consciência das partes. Frequentemente foi o único lugar público onde puderam intervir – de forma legal ou clandestina, nos países de origem, na emigração ou no exílio – os agentes que se moviam no campo da cultura literária, elemento poderoso de afirmação cultural e política da modernidade. Em ambientes de maior liberdade ou repressão, dependendo do tempo e do espaço, e enquadrados por relações de poder/subalternização, intervieram para expor e debater ideias, designadamente colonialistas e anticolonialistas, escrutinar o poder e os seus agentes, publicar a sua produção literária e artística, afirmar identidades, solidariedades e resistências. Por outro lado, nesta imprensa encontramos dados que interessam ao conhecimento de matérias tão díspares como a evolução dos climas locais, ciclos económicos, práticas sociais e culturais, políticas públicas, movimentos populacionais, etc, de elevada importância científica, económica e cultural actual, como vem sendo reconhecido por especialistas de diversas áreas.
Os promotores e parceiros do Congresso entendem este legado como património de todos os países envolvidos pois a todos envolve. É um desígnio democrático do GIEIPC-IP incentivar a cooperação institucional nacional (dentro de cada país) e internacional na recuperação, preservação e acesso público comum desse património, em condições equitativas, reconhecendo as responsabilidades do mundo académico nesse campo. O Grupo está consciente que as desigualdades internacionais de mobilidade e de acesso às fontes que permitem criar conhecimento no campo das Ciências Sociais e Humanas contribuem poderosamente, a par do mercado de validação do conhecimento criado, para as hierarquias académicas internacionais com impacto significativo em todas as sociedades.
A Exposição Virtual Comum foi um projecto promovido e concebido pela Comissão Organizadora do primeiro Congresso Internacional do GIEIPC-IP (Lisboa, 22-25 Maio de 2017), “Política e Cultura na Imprensa Periódica Colonial” e seus parceiros, a partir da ideia lançada por Alfredo Caldeira de se criar uma exposição virtual. A Comissão Organizadora propôs que fosse concebida como Comum envolvendo os investigadores, projectos e instituições que apoiam o Grupo de Estudos e as bibliotecas e arquivos participantes do Congresso através dos seus especialistas, muitos com longa experiência de projectos colaborativos. Em 2022, devido à disponibilidade da Biblioteca Nacional de Portugal, é acrescentada pela cópia digital da sua colecção microfilmada da “Gazeta de Goa”, publicada entre 1821 e 1826, o primeiro jornal colonial do império português fora de Portugal e do Brasil. Assinala-se assim esse marco na história da imprensa em língua portuguesa, por ocasião do segundo Congresso do GIEIPC-IP em Lisboa, “O Liberalismo e a Imprensa Colonial” (21-22 Setembro 2022). Convidamos a visitar os periódicos escolhidos e a conhecer melhor os parceiros da exposição.