Imprensa Periódica em Goa e Goesa

Em Goa, o periodismo remonta a 22 de Dezembro de 1821 com a Gazeta de Goa, publicada pelo governo revolucionário local sequente à revolução liberal de 24 de Agosto de 1820 em Portugal. A Gazeta durou até 1826 como órgão oficial, sendo extinta em ambiente contrarrevolucionário. Só em 1835, com a vitória liberal e nomeação de Bernardo Peres da Silva (político nativo) para Prefeito da Índia, seriam criados novos títulos em Goa.

O Mensageiro Bombaiense (1831-1832) foi o primeiro periódico político nativo indiano publicado em Bombaim, sendo um jornal liberal. Seguiram-se outros títulos criados no período de 1835 a 1837 por adeptos de Peres da Silva, entretanto obrigado ao exílio por militares e funcionários recusando a governação de um nativo, sendo na mesma época igualmente criados em Goa e Bombaim vários títulos "anti-peristas" - estendendo-se à imprensa metropolitana as respetivas polémicas.

Em Goa, após décadas de monopólio prático tipográfico do Estado colonial através da Imprensa Nacional de Nova-Goa estatal, nasceu em 1859 por iniciativa de um antigo deputado nativo, Constâncio Roque da Costa, a primeira tipografia privada visando a publicação de um jornal, O Ultramar (Margão). Desde esse período assiste-se ao que se pode classificar uma verdadeira "explosão" da imprensa em Goa, se tivermos em conta a dimensão e população do território, e goesa fora de Goa. Em 1900, foi criado o jornal O Heraldo, o primeiro diário publicado numa colónia portuguesa e hoje o mais antigo diário sobrevivente na Índia, em edição inglesa.

Até Dezembro de 1961, fim do domínio português em Goa, falamos de centenas de títulos, efémeros e de longa duração, publicados em Goa, em ambiente de maior liberdade ou repressão política, por intelectuais e políticos das mais diversas origens e posicionamentos políticos e culturais. Falamos, igualmente de dezenas de títulos publicados em outros territórios indianos, em Portugal, Macau, colónias portuguesas e inglesas em África e outros espaços de emigração goesa. Referimo-nos a periódicos maioritariamente publicados em português, mas também a muitos títulos publicados em inglês, marata e concani, diversos bilingues e até trilingues.

Tal como em outros casos desta exposição, os títulos selecionados não visam os periódicos mais importantes mas, cobrindo um largo espectro temporal e reflectindo alguma da sua diversidade, sublinhar a importância de proceder ao mapeamento de colecções sobreviventes numa estreita colaboração entre instituições e investigadores. Tal como aconteceu com outros espaços, o esforço de levantamento mais fino de várias colecções permitiu avançar o conhecimento da história editorial de alguns títulos.

Notas: as informações relativas à Goa State Central Library resultam da investigação de Sandra Ataíde Lobo nessa biblioteca. A apresentação do jornal Porjecho Adar foi feito em colaboração com Dale Luís Menezes (JNU, Nova Deli) e Rochelle Pinto (Nehru Memorial Museum and Library, Nova Deli) com base nas suas investigações.

Periodical Press in Goa and Goan Periodical Press

In Goa, journalism dates back to December 22, 1821 with the foundation of the Gazeta de Goa, published by the local revolutionary government after the liberal revolution of August 24, 1820 in Portugal. As an official organ, the Gazeta lasted until 1826, and ceased in counterrevolutionary environment. New titles in Goa would come to light only in 1835, after the liberal victory and the appointment of the native politician Bernardo Peres da Silva as Prefeito (Prefect) of India.

The first native Indian political newspaper published in Bombay was the liberal Mensageiro Bombaiense (1831-1832). Between 1835 and 1837 followers of Peres da Silva's - who was forced to exile by military and civil servants refusing the rule of a native - founded other titles. During the same period, several titles against Peres appeared, and the respective controversies extended to the metropolitan press.

After decades of practical typographical monopoly by the Colonial State, through the National Press of Nova-Goa, the first private typography appeared in 1859 at the initiative of a former native deputy, Constâncio Roque da Costa, for the publication of the newspaper O Ultramar (Margão). From this period on we can see a real "explosion" of the press in Goa, if we consider the size and population of the territory; the same occurred to Goan press published outside Goa. In 1900 O Heraldo began, the first daily newspaper published in a Portuguese colony, and today the oldest surviving in India, in English edition.

Until December 1961, at the end of the Portuguese rule in Goa, hundreds of titles circulated, ephemeral and long-lasting, published in Goa by intellectuals and politicians from diverse origins and political and cultural positions, in an atmosphere of greater freedom or of political repression. Dozens of titles appeared in other Indian territories, in Portugal, Macau, Portuguese and British colonies in Africa, and in other areas of Goan emigration. We refer to periodicals mostly in Portuguese, but also to many titles in English, Marathi and Konkani, many of them bilingual and even trilingual.

As in other cases of this exhibition, the selected titles cover a broad temporal spectrum and reflect some of the diversity of this press, more than targeting its major newspapers and magazines. We aim to underline the importance of mapping surviving collections in close collaboration between institutions and researchers. As with other spaces, the effort to survey various collections has considerably aided a deeper knowledge of the editorial history of some titles.

Notes: The information regarding the Goa State Central Library results from Sandra Ataíde Lobo' investigation in that library.