Timor-Leste

A imprensa em Timor apareceu tardiamente devido ao escasso interesse de Portugal por esta terra. Em finais do século XIX (1877), apenas existia uma tipografia da hierarquia da Igreja Católica, sedeada no território de Timor Português de então. Porém, até 1900, não há notícia da produção de jornais, embora existisse uma pequena delegação da Imprensa Nacional em Díli, criada em 1899, incumbida para produzir o Boletim Oficial e alguns impressos necessários aos serviços de administração colonial.

Após a sua separação da jurisdição de Macau em 15 de outubro de 1896, Timor adquiriu o estatuto de colónia sob a designação de Distrito Autónomo, e daí tornava-se indispensável a publicação de um boletim informativo destinado à divulgação das medidas legislativas governamentais e da administração distrital de Timor. Assim o jornalismo fez a sua aparição em Timor no ínicio do século XX com o primeiro número do Boletim Oficial do Distrito Autónomo de Timor, cuja primeira edição foi datada de 6 de janeiro de 1900.

Desde 1900 a 1975 a Imprensa Nacional de Díli produziu várias publicações periódicas destinadas a informar a população sobre tópicos diversos: o regime climatólogico da Província de Timor; a política do governo da província; saúde; comércio e agricoltura; atividade literária e cultural.

Importa dizer-se que foram os missionários, governadores ou outros agentes coloniais (militares, funcionários públicos) que criaram as revistas e os jornais em Timor. Foram eles que escreveram artigos de opinião, comentários, resenhas de história, editoriais, cartas e crónicas sobre Timor.

Em meados dos anos 50 e 60 o jornalismo teve a sua maior difusão em Timor, merecendo especial destaque o surgimento da revista/jornal Seara - Boletim Eclesiástico da Diocese de Díli (1949); A Voz de Timor (1960); A Província de Timor (1964). Estes jornais não foram visados pela Comissão de Censura, pois todas as notícias eram a favor da gloriosa "Pátria Portuguesa" e não constava nenhuma crítica ao regime ditatorial salazarista.

Nas décadas de 1950 e 1960, os indivíduos letrados e não letrados, ouvintes timorenses e não timorenses acompanhavam um movimento editorial jornalístico que transformava a cultura oral para a cultura escrita, contribuindo com algumas publicações de textos sobre assuntos antropológicos, etnográficos e das ciências gerais. A aparição dos três periódicos mencionados provocou a atenção dos intelectuais da época, que socializaram o seu conhecimento e as suas ideias inéditas nas páginas dos jornais.

Vicente Paulino: apresentação e notas sobre os jornais.

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